Capítulo 7 - Uma estranha no paraíso

Quando Tzuyu volta para o quintal da casa da família Hirai, ela se surpreende com a quantidade de pessoas vestidas em tons pastéis espalhadas pelas mesas no gramado. Ela ficou fora apenas por alguns minutos, em uma ligação emotiva com sua mãe, e agora o lugar está repleto de gente rica. Parecia até uma infestação.

Do outro lado do quintal, bem em frente ao bar, Tzuyu enxerga o vestido branco de Sana. Quando seus olhos se encontram, Tzuyu prende o ar em seus pulmões. Sana sorri brilhantemente como se soubesse que ocupa os pensamentos de Tzuyu naquele momento e solta uma piscadela na direção da garota antes de pegar seu drink e se sentar na mesa de suas amigas.

Tzuyu fica para trás com cara de boba e a mente fervilhando em pensamentos sobre o que aconteceu no quarto de hóspedes quando uma figura masculina se projeta em sua frente, colocando uma bandeja de prata bem próximo de seu rosto.

— Canapé de salmão ou cogumelo Paris recheado com queijo gorgonzola, senhorita? — O homem pergunta, encarando seus olhos fixamente, e estendendo a bandeja mais ainda em sua direção.

Tzuyu nem ao menos consegue impedir uma careta de tomar conta de seu rosto ao analisar as comidas que estão na bandeja. Nunca, em toda sua vida, ela tinha visto algo tão feio e minúsculo! A falta de resposta e a careta de nojo de Tzuyu faz com que o homem desista e saia bufando antes mesmo que ela possa negar. Ela franze o cenho, olhando para as costas do homem que se afasta com passos duros, sem entender o que tinha acabado de acontecer.

Uma risada alta ecoa pelo ambiente e Tzuyu se vira para descobrir quem está quebrando um código de etiqueta no meio de todos aqueles velhos ricos. A garota baixinha, que estava acompanhando Nayeon mais cedo, ri com seus joelhos dobrados e as mãos na barriga.

— Ai, meu Deus! Você deveria ter visto sua cara — ela diz entre risadas, tentando recuperar o fôlego com respirações profundas. — Foi hilário!

— Fico feliz de servir como humor para alguém nesse lugar — Tzuyu diz, revirando os olhos.

— Meu nome é Chaeyoung — a baixinha se apresenta, estendendo a mão para que a outra apertasse. Ela ganha um aperto firme e arqueia as sobrancelhas com surpresa. — Sou sua prima perdida!

Tzuyu revira os olhos mais uma vez.

— Eu sei disso.

— Não vai me dizer seu nome? — Chaeyoung pergunta com um sorriso ladino.

— Você já deve saber de tudo — Tzuyu dá de ombros e recebe um aceno de cabeça em confirmação. — Então não precisa que eu te diga nada.

A mais baixa sorri e se aproxima de Tzuyu.

— Bem, nesse caso, me deixe dizer apenas uma coisa... — ela encara os olhos afiados de Tzuyu bem de perto. Aquela garota tinha um humor ácido e respostas rápidas na ponta da língua, é bem mais do que Chaeyoung esperava de uma prima perdida. — Bem-vinda ao inferno!

Tzuyu franze o cenho, sem entender nada. Chaeyoung acerta alguns tapinhas no ombro da mais alta e se afasta, caminhando até a mesa onde suas amigas estão. Ela se senta entre Mina e Sana, e quase revira os olhos para o quão irônico aquilo soa.

Do outro lado da mesa, Dahyun boceja alto e se espreguiça. Mina dá a ela um olhar atravessado, silenciosamente repreendendo-a por ser tão mal educada.

— Se divertiu ajudando minha prima perdida com as roupas, Sannie? — a voz de Chaeyoung se sobressai ao jazz que a banda contratada está tocando.

A risada alta de Dahyun impede Sana de dar uma resposta para sua amiga.

— Eu pensei que essa viagem para Búzios seriamente mais interessante, mas parece que apenas a Sana está se divertindo por aqui!

Sana revira os olhos e bebe um longo gole de seu champanhe para ignorar a provocação.

— Como assim? — Chaeyoung franze o cenho. — O que está acontecendo?

— Simples, a Sana quer pegar a sua prima! — Dahyun responde, dando de ombros.

Chaeyoung arregala os olhos quando, enfim, sua ficha cai. Seu rosto fica rapidamente vermelho quando se vira para Sana, pronta para lhe dar um esporro sobre aquilo.

— Por que você está puta com isso? Você namora a minha irmã!

— É diferente! Eu conheço a Mina desde criança e a minha prima acabou de chegar — Chaeyoung tenta se justificar, gesticulando como se isso deixasse tudo mais claro.

Sana revira os olhos.

— Eu não quero casar com ela, Chaeyoung, só quero beijar ela!

Chaeyoung suspira pesadamente, os dedos apertando a ponte de seu nariz em busca de um alívio para a dor de cabeça que começa a tomar conta dela.

— Não é isso, porra! Tzuyu não conhece ninguém aqui e chegou em uma situação delicada. Sei lá... só acho que não é disso que ela precisa agora!

— Eu não estou fazendo nada demais, ok? — Sana estende as mãos em rendição. — Se ela não me quiser por perto, vou me afastar. Simples! Mas essa é uma decisão dela e não sua.

Uma ideia surge na mente de Chaeyoung como um click, ela franze o cenho enquanto pensa na possibilidade de ser verdade.

— Isso não é por causa da Jihyo, certo?

— Todas nós sabemos a resposta — Mina se manifesta pela primeira vez desde que se sentou na mesa.

Sana se levanta rapidamente, arrastando os pés da cadeira no chão por causa de seus movimentos bruscos. Ela encara os olhos escuros de Mina com toda ira que possui, mas sua irmã não desfaz a pose durona que vestiu para aquela ocasião.

— Vai se foder!

— Por favor, vamos nos acalmar... — Chaeyoung pede, tentando apaziguar o clima. — Sana, senta aí.

— Você pode mandar na minha irmã, mas não em mim.

Chaeyoung revira os olhos.

— Só estou pedindo!

Sana cruza os braços, lentamente, ela se senta de novo na cadeira. O clima pesado não se dissipa, mesmo com todos os esforços de Chaeyoung para deixar a conversa mais amigável.

Dahyun suspira teatralmente e bebe um gole de sua bebida.

— Festa na minha casa depois dessa cerimônia chata, que tal?

— Eu topo! — Chaeyoung e Sana concordam ao mesmo tempo. Antigamente, elas estão rindo e amando a conexão que possuem.

Mina faz uma careta e nega com a cabeça.

— Amor, vamos, por favor, vai ser legal! — Chaeyoung diz, em uma tentativa de convencer a namorada. Mas Mina é irredutível, principalmente quando o assunto é festa.

— Um bando de adolescentes bêbados dançando no meio da sala de estar da casa da Dahyun não faz parte do meu conceito de legal!

Sana revira os olhos e bufa.

— Você não tem um conceito de legal. É alérgica a essa palavra! — Ela diz. — E mesmo se tivesse, esse conceito seria passar a noite montando Lego, o que é o oposto de legal!

— Sana! — Chaeyoung repreende a garota.

Mina respira fundo, resolvendo ignorar as alfinetadas de sua irmã, ela apenas dá uma resposta polida para Sana.

— Não estou impedindo ninguém de ir. Se vocês acham legal se embebedar e ficar perto de um monte de gente suada, vão em frente! — Ela dá de ombros. — Apenas não contem comigo para participar disso.

Chaeyoung suspira pesadamente. A dor inicial que ela sentia antes agora toma conta completamente de sua cabeça.

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